Uma
insurgência chinesa à soja transgênica causa temor entre os produtores.
Recentemente, a China bloqueou a importação de algumas variedades transgênicas
do grão brasileiro. A demora na aprovação chinesa de novas sementes modificadas
geneticamente levou uma comitiva do Ministério da Agricultura a Pequim, para
reunião no dia 14 de maio. Até agora, no entanto, o gigante asiático, maior
comprador de soja do Brasil, ainda não liberou a entrada das novas variedades.
Entre
as variedades à espera de aprovação, encontram-se a Cultivance, fruto da
parceria entre Embrapa e Basf, e a Intacta RR2, da Monsanto. Enquanto a
barreira chinesa não é transposta, a Associação Brasileira dos Produtores de
Soja recomenda que não sejam cultivadas as sementes Intacta RR2. O uso
comercial da variedade já foi permitido no Brasil, na Argentina, no Japão e na
União Europeia.
“Artimanhas”
O
processo de liberação de sementes geneticamente modificadas tende a
levar mais tempo na China. Para piorar, o país não costuma dar muitas
explicações. Mas não é só isso: as declarações de líderes e autoridades
chinesas também são vistas com muita desconfiança pelo mercado, especialmente
nos Estados Unidos. É praticamente unânime entre consultores que a China, com
uma demanda cada vez maior, utiliza estratégias para “jogar” com o mercado.
O
investimento em soja transgênica se dá exatamente por conta da necessidade
crescente de consumo do país asiático. Com a cultivar Intacta RR2, da Monsanto,
por exemplo, a produtividade brasileira poderia subir a 60 sacas por hectare,
conforme estimativa. A média atual é de 49,2 sacas por hectare.
“A
China tem consciência de que cada movimento dela causa transtorno no mundo.
Eles utilizam artimanhas nas negociações cujos objetivos nem sempre se podem
compreender. Causou um enorme impacto a proibição de algumas cargas do Brasil e
da Argentina, mas a verdade é que eles não têm como deixar de comprar soja da
América do Sul e dos EUA”, avalia França Junior, analista de mercado de soja da
consultoria Safras & Mercado.
Principal
mercado
Uma
das principais autoridades da China no setor não deixa dúvidas de que, por
muito tempo, o país ainda dependerá dos transgênicos. “É inevitável à China
importar alimentos geneticamente modificado por um longo período de tempo”,
disse Chen Xiwen, líder do Grupo de Trabalho Rural do Comitê Central do Partido
Comunista, em março deste ano, em entrevista ao jornal China Daily.
A
China compra aproximadamente 70% da soja em grão exportada pelo Brasil. De
acordo com a consultoria Céleres, cerca de 75% da área semeada de soja em solo
brasileiro é transgênica. No Rio Grande do Sul, a parcela da área transgênica
chega a 98%. A regulamentação sobre alimentos geneticamente modificados foi implementada
na safra 2003/2004 no Brasil.
Produtividade
As
sementes transgênicas aumentam a resistência às pragas e elevam a
produtividade nas lavouras. Segundo consultores, o Brasil não seria capaz de
competir com outros grandes produtores de alimentos sem os transgênicos, por
conta da infraestrutura precária. Organizações como o Greenpeace, no entanto,
se opõem ao consumo e à comercialização de alimentos geneticamente modificados.
Entre os países que mais utilizam sementes transgênicas, estão Estados Unidos,
Brasil, Argentina, Canadá, Índia e a própria China.
Fonte: Terra.com
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